Desde que o homem criou o plástico, há cerca de 100 anos, nossa vida mudou drasticamente - muito em função da nova sociedade que o invento ajudou a moldar, centrada no consumo desenfreado de bens.
Mas justiça seja feita: o plástico passou a ser vilão recentemente. Até poucas décadas atrás, quando as consequências ambientais que seu uso acarreta não eram tão questionadas, estudadas e amplamente divulgadas, o material polimérico tinha suas vantagens comemoradas - e com muita razão.
Com a utilização e produção industrial deste material leve, resistente, moldável, durável, barato e potencialmente reciclável, estabeleceu-se um ponto de virada em diversas áreas da vida humana. Entre elas estão a melhor conservação de alimentos, o uso na fabricação de roupas, a utilização por indústrias de grande porte (como a automobilística e de construção civil), e suas aplicações na medicina que preservaram a saúde humana, como no controle de infecções hospitalares.
Mas o material que já foi mocinho e reinventou a forma contemporânea de se viver, facilitando a vida urbana e moderna, hoje representa um dos principais desafios ambientais para o século XXI. E os maiores problemas estão relacionados ao consumo desenfreado e descarte inadequado do material.
Dados do artigo “Production, use, and fate of all plastics ever made” (“Produção, uso e destino de todo o plástico já feito”), um dos estudos mais completos sobre o tema, realizado pela Universidade da Califórnia em Santa Bárbara e publicado na revista Science Advances , em julho de 2017, apresentam uma realidade alarmante.
O artigo estima que 8,9 bilhões de toneladas de plásticos primários (ou virgens) e secundários (produzidos de material reciclável) já foram fabricados desde meados do século passado, quando o material passou a ser produzido em larga escala. Atualmente, cerca de dois terços desse total, ou 6,3 bilhões de toneladas, viraram lixo e atingiram aterros, lençóis freáticos, rios e mares; enquanto apenas 2,6 bilhões de toneladas ainda estão em uso.
Outro estudo, este da WWF (World Wildlife Foundation), organização não governamental de conservação ambiental, aponta que o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo; são 11,3 milhões de toneladas produzidas pelo país anualmente - sendo que apenas 145 mil toneladas são recicladas!
Os três primeiros colocados nesse triste ranking são Estados Unidos (70,8 milhões de toneladas), China (54,7 milhões) e Índia (19,3 milhões).
Como o nome já acusa, plásticos de uso único são aqueles que possuem uma vida útil muito curta. Esses produtos são uma grande preocupação para os ambientalistas por serem descartados imediatamente após sua utilização.
Entre eles estão copos, sacolas, canudos, embalagens, hastes flexíveis, talheres, entre outros produtos. Atualmente, entre 35% e 40% da produção é composta por esse tipo de material. No entanto, diversos países, estados e municípios já começam a se movimentar para coibir o uso e mudar a cultura de consumo de plástico da população.
No Brasil, em janeiro de 2020, a cidade de São Paulo sancionou lei que proíbe a distribuição de plásticos de uso único em estabelecimentos da maior cidade do país - a lei entra em vigor a partir de 01 de janeiro de 2021. E desde de 2015 as sacolas plásticas não são mais distribuídas gratuitamente nos supermercados da cidade - e já se vê muitas pessoas que se acostumaram a levar suas próprias sacolas retornáveis na hora de ir às compras.
Já o Rio de Janeiro, em 2018, foi a primeira capital a banir canudos de plástico no país e, atualmente, o estado carioca também não permite a distribuição de sacolas plásticas em supermercados.
Seguindo essa tendência, estados de todas as regiões do país, como Ceará, Distrito Federal, Santa Catarina, Pará, Mato Grosso do Sul e outros, também estão discutindo sobre o tema em suas câmaras legislativas.
No exterior, o Canadá anunciou em 2019 que proibirá até 2021 os plásticos de um só uso. Sobre o tema, o comunicado do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que um milhão de pássaros e mais de 100.000 mamíferos se ferem ou morrem por ficarem presos em meio a dejetos plásticos ou por comê-los, confundindo-os com alimentos.
A União Europeia, na mesma linha, estabeleceu um banimento aos produtos plásticos descartáveis que começa em 2021. A proposta também estipula que 90% das garrafas de plástico sejam recicladas até 2029, além de obrigar que sua composição contenha 25% de material reciclado até 2025 e 30% até 2030.
O movimento global de luta contra o plástico tem esforços em diversos locais do mundo, chegando até mesmo em áreas distantes e de difícil acesso, como a zona do Everest, no Nepal.
De acordo com um levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, mais de 60 países estipularam proibições e taxas para frear a utilização dos plásticos de uso único. Mas isso, infelizmente, não é o suficiente.
Como é corriqueiramente divulgado, materiais plásticos podem levar entre 200 e mais de 450 anos para se decomporem e sumirem por completo do meio ambiente. Ou seja, nenhum plástico fabricado no mundo já foi decomposto!
Isso, possivelmente, muita gente já sabe. O que não sabemos - ou não fazemos - é como reduzir o consumo de plásticos no nosso cotidiano e, também, como dar a destinação correta após o uso, destinando o máximo possível do material para a reciclagem. Isso ainda é um problema, pois calcula-se que a quantidade de plástico que chega aos oceanos anualmente gira em torno de 10 milhões de toneladas.
Não é por acaso que 89% dos plásticos existentes nos oceanos correspondem a itens descartáveis como copos, sacolas, canudos e outros. É o que aponta um estudo publicado na revista científica Marine Policy, onde cientistas afirmam ainda que os resíduos plásticos atingiram o ponto mais profundo da Terra, a Fossa das Marianas, um abismo com mais de 11 quilômetros de profundidade no Oceano Pacífico.
Os problemas não param por aí, mas as soluções podem estar mais perto do que imaginamos. Segundo relatório das Nações Unidas publicado em 2018, apenas 9% do plástico já produzido no mundo foi reciclado. Tendo esse pano de fundo, o documento começa afirmando que “plástico não é o problema. É o que fazemos com ele. E isso significa que a responsabilidade é nossa para que sejamos muito mais inteligentes no modo que usamos esse material milagroso”.
Com tanto plástico espalhado pelo mundo, não serão leis em diferentes países que resolverão a calamidade ambiental. A efetividade dessas leis não dependem apenas da menor oferta de plástico no mercado, mas da conscientização da população sobre o descarte correto do material, aliada à uma economia circular - mais integrada e inteligente - e à responsabilização dos governos para lidar com a questão dos resíduos de forma adequada.
Diminuir o consumo de plástico é importante e deve ser uma atitude de todos, mas o descarte correto continua sendo prioridade.
Na Ahimsa, marca de calçados veganos, procuramos minimizar nossos impactos ambientais ao optar por materiais recicláveis ou de menor impacto. Por aqui, incentivamos as pessoas a refletirem sobre questões ambientais, animais e/ou de saúde, além de repensarem seus padrões de consumo. Estamos o tempo todo abertos à críticas e nos perguntando como melhorar e minimizar os impactos sociais e ambientais que uma fábrica acaba causando.
Assim, caminhando, pensando e questionando juntos, criamos os espaços de reflexão e ação que precisamos para preservar o planeta e as diferentes vidas que aqui habitam! Mas…
Para começar já a mudar seus hábitos, selecionamos algumas dicas que o Portal eCycle sugere para reduzir o lixo plástico no mundo. Dá só uma olhada:
Agora é com você!
#govegan
Fontes: